Em um gesto de cooperação multilateral que extrapola acordos políticos, os ministros de Turismo dos países do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) firmaram um compromisso sólido com o desenvolvimento de um turismo sustentável — um movimento que reflete o reconhecimento global de que viajar pode (e deve) conviver com a preservação ambiental e o respeito às culturas locais.
O pacto representa uma convergência de visões entre economias emergentes que têm, cada uma à sua maneira, centros turísticos de grande impacto. O documento traça diretrizes para o fortalecimento do turismo responsável, incluindo ações que reduzam a pegada ecológica, valorizem a identidade cultural dos destinos e fomentem o desenvolvimento socioeconômico das comunidades envolvidas.
Na prática, o compromisso prevê iniciativas como a adoção de certificações verdes para operadoras e destinos turísticos, a preferência por rotas com menor impacto ambiental, e estímulo a projetos que envolvem turismo comunitário em aldeias, vilarejos ou áreas rurais. A ideia, nas palavras dos atores envolvidos, é estabelecer um turismo regenerativo — aquele que não apenas conserva, mas que recupera paisagens, costumes e saberes locais.
O Brasil, por exemplo, alimenta desta perspectiva quando projeta seus futuros roteiros turísticos em biomas frágeis, como a Amazônia ou o Pantanal. A visão dos parceiros do BRICS enriquece esse olhar. A Rússia busca investir em ecoturismo em suas extensas paisagens naturais, enquanto Índia, China e África do Sul planejam desenvolver produtos turísticos que mantenham vivas as tradições indígenas, reduzam emissões e valorizem circularidade econômica local.
Além disso, o documento prevê cooperação técnica e intercâmbio de conhecimentos, com treinamento para empreendedores, capacitação de guias e criação de redes de fornecedores sustentáveis. A intenção é que essa cadeia virtuosa — que compreende desde o artesão até o operador internacional — beneficie sobretudo populações locais e reduza externalidades ambientais.
O entendimento comum dos países do BRICS parece emergir de uma preocupação compartilhada: a de que as transformações climáticas e o desgaste turístico exigem atitudes imediatas. O avanço da infraestrutura para viagens — novos aeroportos, cruzeiros, terminais — precisa estar amparado por tecnologias “limpas” e por um planejamento urbano e territorial que preserve ecossistemas. A meta é clara: alinhar crescimento econômico do setor com responsabilidade ambiental e social.
Ainda que cada país enfrente desafios próprios — seja a falta de saneamento em destinos populares, seja a degradação de relevos ou de patrimônios históricos —, o compromisso agregou esse ponto central: o turismo dos próximos anos deve caminhar com olhos no presente e cuidado para o futuro.
A assinatura desse pacto, em sua essência, reafirma que é possível, e urgente, pensar o turismo como vetor de sustentabilidade, e não apenas como fonte de renda. Que a beleza a ser visitada será ainda mais valiosa se construída com respeito ao lugar, às pessoas e à capacidade de se manter viva ao longo do tempo.