Do Pará para o Mundo: Gaby Amarantos e Zaynara Celebram as Raízes com Orgulho e Poesia

Em meio a um cenário musical cada vez mais padronizado, onde tendências se sobrepõem à identidade, uma voz ressoa com força e autenticidade. Gaby Amarantos, referência incontornável da música paraense, volta ao centro das atenções ao unir forças com a jovem cantora Zaynara, também filha do Norte, em um trabalho que transcende estilos e fronteiras, afirmando o orgulho de ser quem se é — mesmo quando o “ser” ainda não está na moda.

A colaboração das duas artistas nasce da necessidade de representar, não apenas um ritmo ou um estado, mas toda uma vivência que muitas vezes é negligenciada no eixo dominante da cultura brasileira. “O Pará não está na moda. E tudo bem”, afirmou Gaby, sem ressentimentos, mas com a lucidez de quem entende os ciclos do mercado e a importância de permanecer fiel às raízes enquanto o mundo gira.

A canção lançada pelas artistas é mais do que uma faixa musical. É um manifesto lírico, uma ode ao pertencimento e à ancestralidade. A produção carrega os elementos que marcam o estilo de Gaby — o tecnobrega pulsante, as batidas eletrônicas que se entrelaçam com os tambores amazônicos, os vocais fortes que não pedem licença para ocupar espaço. Mas, desta vez, há um frescor novo, um toque de delicadeza que vem da juventude de Zaynara, com sua voz doce e, ao mesmo tempo, firme.

O encontro de gerações e de perspectivas resulta em uma química poderosa. Gaby, com sua bagagem de mais de duas décadas, não apenas compartilha sua experiência, mas abre espaço para que Zaynara brilhe por si mesma, mostrando que representatividade não se faz apenas com discursos, mas com atitudes concretas. A artista veterana vê na parceira uma continuidade do que começou a construir quando ainda era necessário explicar o que era tecnobrega nas entrevistas fora do Norte.

Zaynara, por sua vez, representa uma nova geração de artistas que se recusa a se moldar para caber nos padrões do sucesso pré-fabricado. Em vez disso, ela canta o que vive, o que sente, o que vê — e o que espera transformar. A parceria com Gaby simboliza um rito de passagem e, ao mesmo tempo, uma reafirmação: é possível ser pop sem abrir mão da origem, é possível sonhar alto com os pés mergulhados no chão vermelho da Amazônia.

A repercussão da música, mesmo que ainda fora dos holofotes das grandes premiações e playlists comerciais, já mostra que há um público ávido por autenticidade. O Norte pode não estar na moda, mas nunca deixou de produzir arte. E talvez seja justamente essa resistência silenciosa — essa criação que independe do reconhecimento imediato — que garanta a potência duradoura da cultura paraense.

Gaby e Zaynara não pedem permissão. Elas ocupam. Com ritmo, com beleza, com poesia, com força. Fazem da música um ato político, um gesto de amor à terra e à história. E mostram, sem alarde, que o Pará não precisa seguir a moda para ser eterno. Basta ser ele mesmo.

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