A Câmara dos Deputados vive um momento de intensa turbulência política após a ocupação do plenário por um grupo de parlamentares alinhados à oposição bolsonarista. A Mesa Diretora da Casa encaminhou à Corregedoria representações que podem resultar na suspensão de mandatos de até seis meses para cinco deputados envolvidos nos atos de obstrução das atividades legislativas.
O principal foco das investigações recai sobre Marcel van Hattem (Novo-RS), que teria se recusado a deixar a cadeira da presidência da Câmara durante o tumulto. Além dele, outros deputados como Marcos Pollon (PL-MS), Julia Zanatta (PL-SC), Paulo Bilynskyj (PL-SP) e Zé Trovão (PL-SC) também foram denunciados por dificultar a retomada do funcionamento regular da Casa.
A ocupação ocorreu como reação à prisão domiciliar decretada para o ex-presidente Jair Bolsonaro e teve como pauta a pressão por votações imediatas de temas polêmicos, como anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, fim do foro privilegiado e o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes.
Acusados de desrespeitar a autoridade da Presidência da Câmara e tentar impedir o andamento dos trabalhos, os parlamentares enfrentarão um processo inicial na Corregedoria. Caso seja aprovada a abertura formal do procedimento, o Conselho de Ética será responsável por deliberar sobre a possível suspensão cautelar, que pode acarretar perda temporária de direitos e funções dentro do Parlamento.
A Mesa Diretora, sob a liderança do presidente Hugo Motta, deixou claro que não tolerará atos que impeçam o funcionamento da Casa, apontando para medidas duras, inclusive cassação de mandatos em casos extremos. O episódio evidencia o acirramento das tensões ideológicas dentro do Legislativo, que vem enfrentando desafios para conciliar a liberdade política com o respeito às normas regimentais.
Esse cenário reforça a complexidade do atual momento político brasileiro, em que o Parlamento se vê dividido entre protestos vigorosos e a necessidade de manter a ordem e a institucionalidade. A definição sobre o futuro dos deputados implicados poderá estabelecer precedentes importantes para a governabilidade e para o equilíbrio dos poderes.