Em uma combinação estratégica de acessibilidade e inovação, a parceria entre CAIXA e INSS tem levado os serviços da chamada Agência-Barco Ilha do Marajó e do PrevBarco até populações ribeirinhas que enfrentam dificuldades de acesso físico às unidades tradicionais. Durante o mês de agosto, essas embarcações percorrem nove municípios para oferecer atendimentos fundamentais, como desbloqueio de cartões, cadastro de senhas e acesso a benefícios como FGTS, Seguro-Desemprego, Bolsa Família e aposentadoria — sem movimentação de dinheiro em espécie, mas com prioridade garantida à inclusão social.
A jornada começa em Ponta de Pedras, onde o barco aporta para atender a população local com horário definido das 9h às 15h. Em seguida, segue para Igarapé-Miri, entre os dias 4 e 8, marcando presença também em Limoeiro do Ajuru (dias 11 e 12), Acará (até o dia 15) e retornando a Ponta de Pedras entre os dias 13 e 15. Essa programação atende tanto à demanda por serviços bancários quanto atua como política pública que rompe barreiras geográficas.
A partir do dia 18, a embarcação divide-se entre São Domingos do Capim e São Sebastião da Boa Vista — espaços sensíveis que se beneficiam diretamente da estrutura móvel. A rota continua em Curralinho (dias 21 e 22), Gurupá (dias 25 a 28) e finaliza em Bajuru (dias 25 a 29), garantindo cobertura geográfica ampla e focada nas comunidades mais distantes da capital.
A iniciativa serve como exemplo da adaptação dos modelos de atendimento público à realidade amazônica. Transportar serviços sociais até a população — em vez de exigir deslocamento até centros urbanos — permite que milhares de cidadãos tenham acesso facilitado a direitos essenciais, evitando exclusão e fortalecendo a rede de proteção social.
Esse esforço itinerante exige planejamento logístico robusto, envolvendo coordenação entre a equipe das embarcações, a manutenção fluvial, alinhamento com lideranças comunitárias e comunicação eficaz para que cada município seja informado com antecedência sobre datas e serviços oferecidos.
Além disso, a modalidade fluvial pressupõe que a qualidade do atendimento não seja afetada pela infraestrutura reduzida — exigindo que os profissionais a bordo sejam versáteis, capacitados e sensíveis à cultura local, ao mesmo tempo em que garantem segurança e eficiência nos processos.
À primeira vista, pode parecer apenas uma adaptação funcional — mas o que está em cena é algo mais profundo: uma política pública que entende que a Amazônia não se atende com modelos continentais, mas sim com soluções moldadas pela água, pela distância e pela singularidade do território.
Assim, enquanto as embarcações deslizam pelos rios, transportam mais do que documentos e senhas — carregam dignidade, cidadania e a promessa de que o Estado pode, sim, se fazer presente em cada curva da corrente fluvial.