Zaynara, jovem cantora nascida em Cametá, no Pará, vem traçando uma trajetória meteórica no cenário musical brasileiro. Com seu segundo álbum, Amor Perene, ela reafirma seu papel como protagonista de uma nova safra que leva os ritmos do Norte para além das fronteiras regionais — provando que não se trata apenas de moda passageira, mas de um movimento sólido, construído no suor e na identidade cultural.
Desde cedo, Zaynara demonstrou desejo de somar à música brasileira a riqueza de suas raízes amazônicas. Em sua visão, o beat melody — ritmo que mescla elementos do brega paraense com batidas eletrônicas — é uma ponte entre seu universo originário e uma audiência nacional. “Sempre tive vontade de fazer algo que somasse à música brasileira feita no Norte… Queria estar junto dessa geração de artistas que representam nossa região com tanta força”, afirma com convicção.
Com Amor Perene, ela abraça a pluralidade sonora do Pará sem abrir mão da abrangência. O álbum traz bachata, arrocha, latinas dançantes e, claro, seu beat melody característico. Para Zaynara, o desafio foi grande: compor para o Brasil inteiro sem perder a essência da própria região. “Foi um desafio criar algo para o Brasil inteiro sem perder a essência, a regionalidade, a base que me forma”, define.
Mais do que entretenimento, a artista vê sua música como parte de um projeto de afirmação. “Fico muito feliz de ver esse reconhecimento e de me afastar cada vez mais da ideia de ‘música regional’. A música feita na Amazônia é música brasileira … É pra isso que a gente trabalha tanto. Muito trabalho”, comemora. Para ela, essa consagração nacional é fruto de esforço e persistência — não de uma onda momentânea.
O conceito de Amor Perene está profundamente ligado à natureza da jovem paraense. Ela revela que pensou no ritmo dos rios de sua terra para compor o título do disco: “Sou de uma vila às margens de um rio, e todas as músicas têm alguma conexão com isso … os rios perenes são vivos, constantes.” A metáfora não para ali: o álbum fala de amor próprio, de autoaceitação e da busca por constância na vida afetiva — temas universais com raízes muito pessoais.
Essa maturidade se reflete também na forma como Zaynara encara sua evolução como compositora. Ela revela que, pela primeira vez, contribuiu de maneira mais direta para a escrita das faixas: “Esse trabalho é um marco pra mim, uma verdadeira virada de chave”, afirma. A seguir, já planeja clipe para “Amazônia Menu” e uma turnê nacional que promete consolidar ainda mais sua presença no mapa musical.
Uma das parcerias mais simbólicas desse novo ciclo é com o cantor Tierry, nome que ela admira há muito tempo. A aliança entre eles, inesperada para muitos, representa a ousadia de misturar estilos e experiências para criar algo autêntico. “Tê-lo nesse álbum foi um sonho”, celebra Zaynara, emocionada.
Para a cantora, a expansão do som do Norte não é só uma conquista pessoal — é também um legado para a cultura paraense. Em sua voz, Belém se afirma como capital de uma música que dialoga com a Amazônia, o Brasil e o mundo. E seu trabalho duro, insistente e apaixonado coloca esse ritmo em um novo patamar. Zaynara não está apenas crescendo: ela está transformando.